Pessoas,
mesa grande onde comida, bebida e conversa se juntam é uma alegria só, né? Por isso casa de vó e de mãe é tudo de bom! Aquela mesona com um monte de gente trocando idéias, bem a vontade e comendo algo gostoso e bebendo algo, mesmo que seja ruim :-)
É esse clima que o restaurante Trio Gastronomia, comandado pelo chef Emerson Mantovani, quer criar. Pense que ali na 213 sul, em frente à Casa da Raquel, bem ao lado de uma loja de festas infantis, tem uma singela escada que te leva ao subsolo. Ao fim da escada, você se depara com uma imensa mesa, única no salão, ao lado da cozinha.
O esquema é ir chegando e se acomodando onde quiser.
Há tempos vinha namorando o Trio Gastronomia. A proposta da casa e servir, na janta, menus harmonizados com bebidas por preço único. No dia que soube que a harmonização seria com cervejas Colorado, não pestanejei: reservei!
Para a ocasião, entradas, 2 pratos principais e sobremesa harmonizados com as Cervejas Colorado, por R$ 125,00, incluindo os pratos, as cervejas, água e Nespresso. O restaurante não cobra taxa de serviço.
Assim que todos chegaram, os serviços começaram. Além do chef, há um ajudante de cozinha e um garçom. O serviço é de excelente qualidade: a colocação da bebida, dos pratos, o recolhimento de tudo, o oferecimento de um pouco mais para quem acabou o prato antes de todo mundo, a reposição da cerveja. A cada prato servido, o chef explicava a composição, a elaboração e o efeito esperado da harmonização.
Outra coisa bacana é observar a finalização e montagem dos pratos, que é feita bem ali no balcão ao lado da mesa.
A primeira combinação foi da Colorado Cauim, uma Pilsen clara, com uma seleção de quatro tapas: bruschetta de brie com mel, roll de abobrinha com presunto Parma, cestinhas de massa filo com cogumelos e creme de cebola trufado.
Destaco a abobrinha com parma e o creme de cebola trufado. A abobrinha fora marinada em alguma coisa que não lembro (falha grave, eu sei, mas foi muita informação!), e ficou fenomenal. Temperadinha, algo cítrico (vinagre, talvez?), umedecida e fez par perfeito com o presunto Parma, salgado e mais seco.
O creme de cebola trufado estava delicioso. Trufado porque azeite trufado foi usado na receita e isso conferiu ao creme de cebola um sabor bem peculiar levemente amanteigado de textura sedosa.
O pão da bruchetta de brie com mel poderia ser menor. Em compensação, esse brie com mel estada divino! O mel parecia melado de tão puro o sabor.
A cestinha de massa filo com cogumelos estava bem gostosa também.
E a cerveja Cauim junto com tudo isso? Amenizava a sensação de gordura na boca. A impressão não é lá assim muito perceptível. A Cauim é uma pilsen bem leve, não acho que dê pra ver estrelas comendo algo harmonizado com ela.
Depois, a Colorado Appia, cerveja de trigo, harmonizada com peixe fresco do dia, no nosso dia foi salmão, em crosta de ervas e sementes de nigela ao molho thai com musseline de batatas.
Amei esse prato. Primeiro que eu sempre achava que salmão, por ser um peixe marcante, não dava para ser servido com muitos outros sabores. Mas essa crosta de ervas com semente de nigela tiveram o poder de suavizar o peixe. Nigela é uma semente indiana levemente apimentada. Quase lembra pimenta do reino. O molho thai era levemente picante, cremoso e delicioso. Levara curry e leite de côco. A musseline de batatas também muito boa. Comendo tudo junto ou tudo separado a deliciosidade era garantida.
E a Colorado Appia nessa história? A Appia é uma cerveja de trigo diferente das de trigo alemãs. Ela não tem resíduo no final e é bem menos turva. É um pouco adocicada e é esse docinho que trazia ainda mais graça ao prato. Sabe comida tailandesa que junta salgado e doce (como camarão no abacaxi, ou molho de manga com carne picante)? Então, esse efeito. Gostei muito!
Em seguida, cordeiro no próprio molho com sêmola crocante, legumes e cebolinha caramelizada, servido com a Colorado Indica.
Eu não sou fã de cordeiro e esse também não me convenceu. Tinha muito gosto de cordeiro...hehehehh A carne foi servida em fatias finas e quase lembrava um rosbife. O Vinicius também não se empolgou, mas teve gente na mesa que comeu rápido e ainda repetiu!
Fiquei muito invejando o prato da Zélia (que estava ao meu lado, ou seria Célia?) que veio com carne de boi bem vermelha por dentro. Certamente ela pediu para trocar. Apesar de não gostar de cordeiro e porco, quando vou a menus prontos não curto pedir para trocar. Vejo aí a oportunidade de comer algo que nunca pediria escolhendo a la carte e acho que uma hora ou outra posso vir a gostar. Me proporciono a possibilidade de mudar de opinião. O caso é que nem pensei em pedir para trocar o cordeiro e depois fiquei babando na carne do prato ao lado. É a vida!
Isso logo foi esquecido. O sensacional mesmo desse prato foi a cebolinha caramelizada. Docinha e azedinha, uma coisa de louco. Junte-se a isso a o amargor da Colorado Indica, uma IPA (atualmente, meu estilo preferido, sem dúvidas!) e aqui, sim, veja estrelas!
Nesse ponto da janta tivemos pela primeira vez na vida a percepção de que a comida pode sim melhorar o sabor da cerveja. Isso sempre tinha sido claro com vinhos. Tô pensando em mandar um e-mail para o restaurante e pedir um pote dessas cebolinhas caramelizadas.
Essa bolinhas brancas no prato são cuscuz marroquinho. Aí, estavam praticamente sem sal e a proposta era mesmo brincar com a textura. E a textura era bem legal.
Para finalizar, pudim de chocolate 70% com calda de frutas vermelhas, com a Colorado Demoiselle, uma porte preparada com café e chocolate. O grande destaque, sem dúvidas, foi a calda de frutas vermelhas, preparada com azeite, aceto balsâmico e flor de sal. Di.vi.na. Sem palavras para descrever.
A sobremesa, puxada no cacau, acentuava ainda mais o gosto de café da Demoiselle. Beeem bom! O chef deu a dica de reservar um pouco da Indica, a IPA, para provar com a sobremesa. Mandou muito bem! Parece realmente outra cerveja se comparamos essa harmonização com a do azedo da cebola caramelizada. Lá, tudo explodia na boca, acentuando sabores. Aqui, o amargo do chocolate abrandava a cerveja.
É claro que nessa altura do campeonato eu estava cheia de nem conseguir andar. E olha que depois da entrada, comi a metade de cada um dos principais. Na metade dessa sobremesa, me dei por vencida e pedi arrego. Mas sabe quando você não aguenta mais nenhum brigadeiro na festa, para de comer, e no dia seguinte acorda arrependida? Pensei nisso, arregacei as mangas e fui até o fim!
Assim foi o primeiro jantar harmonizado com cervejas da casa. E o chef prometeu que virão muitos outros!
Para quem se interessou, no site já tem os próximos cardápios harmonizados com vinhos. Para a noite, é bom fazer reserva e chegar no horário combinado. Como os pratos são servidos todos juntos, enquanto não chega todo mundo o jantar não começa. Vale a máxima: respeito ao tempo alheio é cortesia que se impõe.
A casa também funciona no almoço, com menus de entrada, prato principal e sobremesa, de quarta a sexta, das 12h às 14h30. Aqui não tem menu fixo e não precisa reservar. Pode ir chegando e sentando na grande mesa. Acabou, pode ir embora, mesmo que a pessoa da mesa ao lado ainda esteja comendo. É para funcionar como se fosse sua casa. Se for sozinho, aproveite para bater um papo com um desconhecido e, quem sabe, agregar algo de novo. Aliás, esse lugar é um achado para quem tiver sem companhia.
As opções e preços do almoço são postadas na página do facebook do restaurante e ficam em torno de R$ 40,00 a R$ 50, com água sem gás e Nespresso.
Gostei muito e quero voltar!
SCLS 213 Bloco A, loja 27 - subsolo - Asa Sul
Telefone: 9994-2664 ou 3346-2845
Beijocas. Vanessa.
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